Ah, a meteorologia de antigamente... Que saudades. Uma arte simples, quase poética. "Amanhã vai estar calor, levem chapéu!" ou "Há hipótese de chuva, tragam um guarda-chuva!" - e todos seguiam com as suas vidas, sem dramas, sem ansiedades, sem medos. Mas hoje, a meteorologia transformou-se numa mistura de telenovela mexicana com um manual de engenharia espacial. Tornou-se estúpida.
Da “Chuvinha” à “Tempestade Convectiva com Potencial Devastador”
Quem é que precisa de saber que as nuvens se juntaram numa festa de trovoadas quando uma frase como "vai dar trovões" já resolvia? Agora, temos "tempestades convectivas", um termo que soa mais a uma aula de física avançada do que ao tempo de amanhã. E, aparentemente, as trovoadas não vêm sozinhas - chegam em comboios de tempestades. Sim, um comboio! Será que é preciso pagar bilhete? E quem é o maquinista, o São Pedro? E que me dizeis da ciclogénese explosiva? Não é fantástica? Parece o nome de uma micose nos dedos dos pés. Para mim, a melhor de todas até agora!!! :)
A “Gota Fria”: Pequena, mas Mortal
Ah, a gota fria. Antigamente, se alguém falasse em “gota fria”, pensávamos que era uma dor nas costas. Mas não, afinal é um fenómeno meteorológico que transforma uma chuva jeitosa num apocalipse local. Curioso como uma simples “gota” pode levar ao caos total. Parece um termo criado para assustar velhinhas e fazer trending topics no Twitter.
A Saga dos Nomes: Elsa, Filomena e o Gang das Depressões
Os ciclones e as tempestades agora têm nomes, como se fossem membros de uma família disfuncional. Lembram-se do tempo em que "ventania" era suficiente? Agora temos que lidar com a “Elsa” a destruir a varanda, ou a “Filomena” a cobrir o país de neve. O que vem a seguir? Um furacão chamado “Tia Dolores” que traz bolos e ventos a 200 km/h? Repara que na maioria, são nomes de senhoras... Por isso nos divórcios os homens perdem tudo para a "tempestade"...
“Bombeiros, temos uma Supercélula!”
Outro termo que parece saído de um filme de ficção científica: supercélula. Antigamente, era só uma trovoada grande. Agora, qualquer nuvem mais temperamental ganha um nome que faz parecer que vai começar a lançar raios laser. Algo como se viu no filme "Guerra dos Mundos" do Tom Cruise, estou ansioso para que saiam Tripods do chão para nos exterminar a todos... Dava-me jeito um deles para fazer um exaustor :)
Os Mapas Apocalípticos: Vermelhos, Roxos e a Cor do Medo
Os mapas meteorológicos também mudaram. Antigamente, eram azuis para chuva e amarelos para sol. Hoje, são autênticas obras de arte moderna: vermelhos, laranjas, roxos, quase a gritar contigo pela televisão. “Prepare-se, está tudo perdido!” Só falta a música de suspense.
O Que Vem a Seguir?
Se continuarmos assim, não me admirava se daqui a uns anos tivermos previsões como esta:
- Segunda-feira: "Probabilidade de uma pequena tempestade convectiva moderada, com explosões esporádicas de granizo do tamanho de bolas de ténis."
- Terça-feira: "Cuidado com um anticiclone anómalo que vai provocar inversões térmicas. Tradução: vai estar fresquinho, levem casaco."
Porquê Tanto Drama?
No fundo, a meteorologia moderna é um espetáculo de entretenimento e manipulação das mentes mais frágeis. Quanto mais complexo e assustador parecer, mais atenção dá o público. Mas, sejamos honestos, ninguém precisa de ouvir sobre “ondas de calor omega” quando o que realmente queremos saber é se dá para ir à praia sem levar com uma ventania na cara.
Então, da próxima vez que ouvirem falar numa “anomalia atmosférica extrema com potencial de destruição”, lembrem-se: provavelmente é só vento forte. E, no final, basta seguir o conselho de sempre: levem chapéu, guarda-chuva e um bocadinho de paciência. Afinal, o tempo é imprevisível, mas os exageros da meteorologia moderna são garantidos.
Lembra-te, o medo vende nas televisões e aumenta as audiências... Todos percebemos isso. Agora sejamos sinceros, os termos que utilizam para nos meter medo são completamente estúpidos e merecem uma boa gargalhada.