FMUP "Receita" Gastrostomia Percutânea Para Doentes em Cuidados Paliativos

Press Release: Estudo, que envolveu várias instituições, defende que a gastrostomia percutânea garante uma melhoria da sobrevivência e da qualidade de vida dos doentes com perda de via oral.

A gastrostomia percutânea endoscópica (PEG) em doentes com perda de via oral em cuidados paliativos permite uma melhoria da sobrevivência, da qualidade de vida e dos sintomas, evitando a elevada taxa de complicações associada a à sonda nasogástrica. Este é um dos principais resultados de um estudo de coorte retrospetivo, desenvolvido pelos investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) João Rocha Neves, José Paulo Andrade e Hugo Ribeiro, em colaboração com outras instituições.

Publicado no Journal of Dementia and Alzheimer’s Disease, este trabalho reúne “a maior casuística conhecida a nível mundial, na área dos cuidados paliativos”. Ao todo, 54 doentes foram submetidos à colocação de PEG, via utilizada no suporte nutricional em doentes com perda efetiva ou previsível da via oral.

Os doentes eram seguidos pela Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos (ECSCP) de Gaia, da ULS Gaia e Espinho, cujos membros são também autores deste artigo científico.

Os autores pretendiam avaliar a colocação de PEG, cujos benefícios e riscos têm sido alvo de discussão, incluindo na prestação de cuidados paliativos. Nesse sentido, foram analisadas diversas variáveis em doentes com PEG, designadamente com demência e doença oncológica. A principal razão para o procedimento foi a disfagia.

“A taxa de complicações com a colocação de PEG foi residual: 11% de doentes com PEG tiveram complicações minor, resolvidas na sua totalidade até uma semana, enquanto, com a sonda, 100% dos doentes tiveram complicações, havendo comprovado prejuízo significativo para as suas vidas”, explicam os investigadores.

O estudo aponta ainda recomendações para a colocação de PEG, com destaque para a expectativa de vida superior a quatro semanas. A avaliação da sobrevivência esperada efetuada por uma equipa especializada (no caso, pela ECSCP Gaia) permitiu, assim aumentar significativamente a qualidade da decisão para a colocação de PEG.

Além de João Rocha Neves, José Paulo Andrade e Hugo Ribeiro (FMUP/ECSCP), assinam este trabalho Júlia Magalhães, Inês Rodrigues, Elisabete Costa (ECSCP) e António Bernardes, Marília Dourado (Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra).

Foto: Engin Akyurt/Unsplash. 

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