Prémio Cidadania Ativa 2025 Distingue Cinco Estudantes

Press Release: Galardão destinado aos estudantes que mais se destacaram, no último ano, em atividades extracurriculares de cidadania, foi entregue no Dia da Universidade 2025. 

Estudam em cinco faculdades diferentes e, ao longo do último ano, destacaram-se pelas suas contribuições em causas tão nobres como o combate à doença de Parkinson, a universalização da saúde oral, a promoção da inclusão nos domínios da cultura e do desporto, ou a luta contra a poluição nos oceanos. É esse o perfil que une Daniela Fatela Geraldes, João Alegre, Leonor Furtado, Marta Taveira e Xavier Correia, os cinco vencedores do Prémio Cidadania Ativa 2025, entregue, no passado dia 24 de março, durante a Sessão Solene do Dia da Universidade 2025.

Na vertente Humanitária ou Solidária, a premiada deste ano é Leonor Furtado, estudante do Doutoramento em Medicina Dentária da Faculdade de Medicina Dentária (FMDP) e uma das criadoras do Grupo de Atividade Comunitária de Investigação e Promoção da Saúde Oral da FMDUP (GAP-FMDUP).

Foi a partir da perceção de que “as doenças orais continuam a não receber a devida atenção, e o acesso aos cuidados continua desigual” em Portugal que Leonor decidiu, juntamente com outros colegas e docentes do Mestrado Integrado em Medicina Dentária, “criar uma estrutura que unisse estudantes e docentes em prol da comunidade”.

A ideia viria a materializar-se, já durante o doutoramento de Leonor, com a criação do GAP-FMDUP, um projeto que “promove e facilita os cuidados de saúde oral a quem mais necessita, por meio de rastreios e ações de promoção”. Por outro lado, “capacita os estudantes para uma prática mais consciente, ética e socialmente responsável”, apresenta a jovem dentista.

Para Leonor Furtado, a conquista do Prémio Cidadania Ativa “significa muito mais do que um reconhecimento pessoal. Representa uma oportunidade de colocar a saúde oral no centro das atenções e reafirmar a sua importância. Significa mostrar que é possível – e necessário – fazer mais para que os cuidados de saúde oral cheguem a todos”.

Inovar contra a Doença de Parkinson

No campo do Empreendedorismo, o Prémio Cidadania Ativa 2025 foi atribuído a Xavier Correia, atual estudante do Programa Doutoral em Química da Faculdade de Ciências (FCUP).

Foi ainda durante o Mestrado em Bioquímica que Xavier integrou a equipa do DynaPro: Probing Dynamic Chirality to the Rescue of Melanostatin in Parkinson’s Therapy, um projeto direcionado para o desenvolvimento de terapias alternativas mais seletivas e com menos efeitos secundários para a Doença de Parkinson, a segunda doença neurodegenerativa mais comum em todo o mundo.

Foi neste contexto que Xavier Correia desenvolveu uma metodologia de síntese direta para a produção em larga escala de heterociclos de interesse industrial, tendo ainda otimizado a sua incorporação em compostos bioativos. Além do grande potencial terapêutico , o projeto – que já deu origem a um pedido de patente em Portugal e em Espanha – destaca-se pela sua contribuição para a sustentabilidade química e pela facilidade de aplicação industrial.

Nas palavras do jovem investigador, o Prémio Cidadania Ativa “representa o reconhecimento do trabalho desenvolvido ao longo do meu percurso académico e profissional e também do compromisso que tenho assumido em contribuir para a sociedade através da ciência”. Adicionalmente, “é um incentivo para prosseguir com a investigação e desenvolvimento de terapias alternativas para a doença de Parkinson, com vista à aproximação da nossa tecnologia ao mercado, reforçando a importância da investigação translacional na procura de soluções que vão para além do laboratório”.

Levar a inclusão à Universidade e ao Museu

Na Vertente Pedagógica, o Prémio Cidadania Ativa 2025 foi atribuído a Daniela Fatela Geraldes, estudante do Doutoramento em Educação Artística da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP).

Daniela é responsável pela criação e implementação do “Manual de Acessibilidade para os Museus e o Ensino Superior em Portugal”, através do qual a estudante, ela própria com necessidades educativas específicas, procura combater as barreiras que muitas universidades e espaços culturais, como os museus, ainda apresentam para pessoas cegas ou com baixa visão.

O projeto encontra-se em desenvolvimento na FBAUP e tem permitido sensibilizar professores e funcionários para a causa da inclusão. Na área cultural, o Manual já teve impacto no Museu Nacional de Soares dos Reis, onde foram criadas imagens em relevo baseadas no acervo do museu, acompanhadas de audiodescrição, proporcionando uma experiência sensorial mais inclusiva.

“Receber o Prémio de Cidadania Ativa da Universidade do Porto é um reconhecimento do meu compromisso com a acessibilidade na cultura e no ensino superior” (…) e incentiva-me a continuar a trabalhar por uma universidade mais inclusiva”, refere Daniela Fatela Geraldes, esperando “que esta distinção possa inspirar outros estudantes a desenvolver projetos com impacto social e a verem a academia como um espaço de transformação”.

Desporto para todos

No Domínio Desportivo, Saúde e Bem-estar, o Prémio Cidadania Ativa 2025 foi atribuído a Marta Taveira, estudante do Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto (FADEUP).

Marta tem desempenhado um papel ativo em projetos e programas que promovem a saúde e o bem-estar de populações vulneráveis, como idosos, doentes oncológicos e mulheres com lipedema. Entre as iniciativas destacam-se os programas “Mais Ativos, Mais Vividos”, “De Volta à Forma”, “Exercício para Mulheres com Lipedema” e “Mama-Help”, dinamizados em parceria com entidades como a Câmara Municipal do Porto e os centros de saúde da Área Metropolitana do Porto.

“Ao longo deste percurso, tive o privilégio de trabalhar com pacientes oncológicos e com a terceira idade, ajudando-os não só a recuperar a sua função física, mas também o seu bem-estar e a qualidade de vida. Cada sorriso, cada conquista e cada história que partilhei com estas pessoas ensinaram-me que a cidadania ativa não é apenas uma escolha, mas um compromisso com o bem-estar do outro”, explica a estudante que, “inspirada por estas vivências”, decidiu também doar 35 cm do cabelo para a confeção de perucas. “Um pequeno gesto que pode fazer a diferença na autoestima de quem enfrenta momentos desafiante”, justifica.

“Muito mais do que um reconhecimento do trabalho que desenvolvi”, Marta vê na conquista do Prémio Cidadania Ativa “a confirmação de que o exercício físico pode ter um impacto transformador na vida das pessoas. Este prémio reforça a importância do que fazemos e motiva-me a continuar a usar o desporto e a solidariedade como ferramentas de inclusão, superação e esperança”, remata.

Um barco amigo do ambiente

Por fim, no âmbito da Defesa do Ambiente, o vencedor do Prémio Cidadania Ativa é João Alegre, estudante de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) e Team Leader do projeto Academic Solar Team.

Fundada em novembro de 2024, a Academic Solar Team tem vindo a trabalhar, com sucesso, no desenvolvimento de um protótipo de embarcação de competição movida exclusivamente a energia solar (zero emissões) e construída com materiais de carbono negativo.

Para além de apresentar uma solução inovadora para o problema da poluição marítima causada pelo uso de combustíveis fósseis, um dos principais desafios ambientais da atualidade, a iniciativa destaca-se pelo seu caráter sustentável e eficiente. Esta abordagem tem vindo a captar o interesse de diversas empresas, contando atualmente com seis níveis distintos de patrocínio.

“Atualmente, estamos focados nas competições deste verão, mas os nossos objetivos para o futuro são ambiciosos: desde a propulsão a hidrogénio e o desenvolvimento de veículos autónomos até à integração de inteligência artificial nas nossas embarcações. Estou certo de que o valor deste prémio será fundamental para impulsionar estas metas, permitindo que a equipa continue a crescer com dinamismo e inovação. Será um enorme privilégio contribuir para esta jornada!”, antecipa João Alegre.

Para o estudante da FEUP, a conquista do Prémio Cidadania Ativa representa assim “uma excelente forma de encerrar este primeiro capítulo da equipa, mas sobretudo um reconhecimento do trabalho que temos vindo a desenvolver. Esta distinção comprova a relevância do nosso compromisso com a sustentabilidade e reforça a ligação da equipa à Universidade do Porto”, conclui.

Os vencedores do Prémio Cidadania Ativa 2025 foram proclamados durante a Sessão Solene do Dia da Universidade 2025, ponto alto nas comemorações dos 114 anos da Universidade do Porto. 

Para além de um diploma individual comprovativo do Prémio, cada estudante recebeu ainda uma menção no suplemento ao diploma, bem como um prémio monetário de 1.000 euros.

Lançado pela primeira vez em 2014, o Prémio Cidadania Ativa distinguiu 46 estudantes nas onze edições já realizadas. Recorde os vendedores de 2014201520162017201820192020202120222023 e 2024.

Fotos: DR.

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